VIDA+MED DIRETOR PRESIDENTE ORLEANS DANTAS

VIDA+MED DIRETOR PRESIDENTE ORLEANS DANTAS
ITABUNA-BA

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

FELIZ DIA DO FOLCLORE EM ESPECIAL A DANDARA MARIA A SEREIA IARA

Folclore brasileiro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
folclore brasileiro é sinônimo de cultura popular brasileira, e representa a identidade social da comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais; é também uma parte essencial da cultura do Brasil. Embora tenha raízes imemoriais, seu estudo sistemático iniciou somente em meados do século XIX, e levou mais de cem anos para se consolidar no país. A partir da década de 1970 o folclorismo nacional definitivamente se institucionalizou e recebeu conformação conceitual.
Sendo composto por contribuições as mais variadas - com destaque para a portuguesa, a negra e a indígena - o folclore do Brasil é extremamente rico e diversificado, sendo hoje objeto de inúmeros estudos e recebendo larga divulgação interna e internacional, constituindo além disso elemento importante da própria economia do Brasil, pela geração de empregos, pela produção e comércio de bens associados e pelo turismo cultural que dinamiza.

Estudos históricos do folclore brasileiro


Bloco de maracatu em Olinda
O folclore brasileiro, apesar de suas origens se perderem no tempo, só começou a receber a atenção da elite nacional em meados do século XIX. Naquele período estava em voga o Romantismo, movimento cultural que prestigiava as singularidades e as diferenças, consagrando os vários povos e tradições como objetos dignos de atenção intelectual. Naquele momento, acompanhando a mesma onda de interesse pela cultura popular que crescia na Europa e nos Estados Unidos, alguns estudiosos brasileiros, como Celso de MagalhãesSílvio Romero e Amadeu Amaral, passaram a pesquisar as manifestações folclóricas nativas e publicar estudos sistemáticos, lançando no país os fundamentos do folclorismo, a disciplina que estuda o folclore, que precisaria de um século para conquistar prestígio no mundo acadêmico brasileiro.[1][2][3][4]
A partir de um primeiro interesse pelas tradições orais, depois se passou a estudar a música, e mais tarde as festas, folguedos e outras manifestações. Ao mesmo tempo, diversos artistas ligados à elite passaram a empregar elementos da cultura popular na criação de obras destinadas aos círculos ilustrados, como parte de um projeto, estimulado e desenvolvido pelo governo de Dom Pedro II, de construção de um corpo de símbolos nacionalistas que poderia contribuir para a afirmação do Brasil entre as nações civilizadas. As classes superiores nunca foram inteiramente livres da influência da cultura popular, mas obras como por exemplo I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias, e a música de Luciano Gallet e Alexandre Levy deram a temas do folclore brasileiro um papel de destaque na arte culta. Desde então o interesse pelo assunto só cresceu, e em várias frentes.[5][2]

Mário de Andrade e um grupo de modernistas ao fundo
O impulso nacionalista rendeu ainda maiores frutos com o advento do Modernismo, quando o folclore passou a ser visto como a verdadeira essência da brasilidade. Mário de Andrade, um dos líderes do Modernismo brasileiro, foi um grande pesquisador do folclore nacional, procurando colocá-lo em diálogo com as ciências humanas e sociais, que naquela altura nasciam no país.[2] Outros nomes influentes ligados ao movimento modernista, como os pintores Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral e o músico Villa-Lobos, também incorporaram elementos folclóricos em suas obras de maneira destacada.[5][6][7] Mário teve a oportunidade de agir oficialmente pelo folclore, criando a Sociedade de Etnologia e Folclore quando dirigiu o Departamento de Cultura do Estado de São Paulo entre 1935 e 1938, abrindo cursos para a formação de pesquisadores, onde palestraram eruditos renomados como Lévi-Strauss.[8]
Na década de 1950 essa movimentação se multiplicou em larga escala, atraindo outras figuras ilustres como Cecília MeirelesCâmara CascudoEdison CarneiroFlorestan Fernandes e Gilberto Freire,[2] além de estrangeiros como Roger Bastide e Pierre Verger.[8] O movimento folclorista nesta época encontrou a consagração institucional maior na Comissão Nacional de Folclore, fundada em 1947 porRenato Almeida, através de recomendação da UNESCO, vinculada ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura e à própria UNESCO. No contexto do pós-guerra, a preocupação com o folclore se inseria nas iniciativas em prol da paz mundial. O folclore era visto como elemento de compreensão entre os povos, incentivando o respeito pelas diferenças e permitindo a construção de identidades diferenciadas. Como disse Cavalcanti, o Brasil de então "orgulhava-se de ser o primeiro país a atender à recomendação internacional no sentido da criação de uma comissão para tratar do assunto".[2][4] Em 1958 foi instituída a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, órgão executivo do Ministério da Educação, dinamizando os debates e pesquisas através de comissões estaduais de folclore, e adotando a prática de engajar colaboradores do interior, mesmo que fossem diletantes, uma vez que se considerou que a intimidade deles com a cultura interiorana contrabalançaria a sua falta de especialização profissional.[9]
Paralelamente à luta pela institucionalização desenvolvia-se um debate a respeito da formulação dos conceitos delimitadores do folclore como uma ciência, o que dependia da libertação do folclore em relação à literatura e à história, que tradicionalmente absorviam o pensamento sobre a cultura popular.[9] Mas a tarefa foi em muitos pontos inglória. No relato de Travassos, resenhando ideias de Vilhena,
"A concepção de sociologia que predominou inicialmente nas universidades brasileiras destacava as deficiências de rigor científico dos trabalhos de folclore. De outro, divergências metodológicas entre folcloristas e sociólogos estavam entrelaçadas a concepções distintas da formação nacional. Enquanto os primeiros orientavam as pesquisas na direção das formas que evidenciassem fusões e sincretismos culturais, os segundos indagavam o grau de integração das camadas sociais e grupos étnicos. Finalmente, a 'tradição cultural nascente' que os participantes do movimento prezavam não tinha relevância para aqueles que, na linha dos folcloristas europeus, consideravam folclóricos os fenômenos identificados com um estrato cultural muito antigo. Assim, o movimento distanciou-se também das concepções européias e norte-americanas que adotam, respectivamente, os critérios básicos de antiguidade e oralidade na definição de folclore. As discordâncias devem-se, mais uma vez, ao peso das preocupações com a nacionalidade".[9]

Mascarados das cavalhadas dePirenópolis

Esculturas populares decangaceiros em Caruaru

Além da pesquisa requisitou-se a participação das escolas como instrumentos de preservação e disseminação do folclore, acreditando-se que o caráter intervencionista e "artificial" dessa medida seria compensado pelas possibilidades de vivência "real" do folclore nas festas e brincadeiras infantis, fomentando a inclusividade, o engajamento na defesa de tradições ameaçadas e a formação de um senso de "fraternidade folclórica", como queriam Renato Almeida e outros que viam o movimento quase como uma missão sagrada. O movimento folclórico brasileiro produziu enfim um projeto paradoxal de ciência, na qual não havia diferença marcante entre leigo e cientista, entre objeto e sujeito, entre participação efetiva e observação impessoal.[9] Essas ideias e posturas tinham seus riscos e contradições, e deram margem a críticas que alegavam que a interferência ativa do Estado na interpretação e no fomento do folclore servia como uma cortina de fumaça para esconder problemas sociais apresentando-os como realidades folclóricas.[10]
De qualquer maneira, os trabalhos desses pesquisadores fizeram evoluir as concepções brasileiras sobre o que é o folclore. Reunidos noRio de Janeiro em 1951, no I Congresso Brasileiro de Folclore, publicaram a Carta do Folclore Brasileiro, onde se definiu o folclore como"as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam ou à renovação e conservação do patrimônio científico e artístico humano ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica". Benjamin diz que se estabeleceu também como folclore os fatos sem o fundamento da tradição, bastando que fossem de aceitação coletiva e essencialmente populares, anônimos ou não, derrubando os requisitos de antiguidade, oralidade e anonimato e relativizando a condição de tradicionalidade.[11]
A partir de 1961 os folcloristas passaram a contar com um importante meio de divulgação e discussão, a Revista do Folclore Brasileiro, que circulou até 1976 totalizando 41 volumes, e se tornando um catalisador de pesquisas. Mas apesar das conquistas do folclorismo nacional, ainda lhe faltava credibilidade, o que só seria conseguido, como pensava Almeida, quando ele penetrasse nas universidades. Em meio à polêmica que cercava o tema, o folclore foi gradativamente sendo alijado do modelo acadêmico que se consolidava. Embora muitos de seus estudiosos permanecessem ligados às universidades, a disciplina foi se cristalizando como um subcampo das ciências sociais. A situação ficou pior com o golpe militar de 1964, que ocasionou a demissão de Edison Carneiro, o principal folclorista daquele momento, do cargo de diretor da Campanha, fechada no dia primeiro de abril com um cartaz na porta que dizia: "Fechado por ser um antro de comunistas". Com isso se encerrava todo um ciclo do folclorismo brasileiro.[12]
Mas a Campanha foi finalmente reaberta com Renato Almeida como seu diretor. Incorporada à Funarte, transformou-se em 1979 no Instituto Nacional do Folclore. Em 1990 o Instituto passou a ser denominado Coordenação de Folclore e Cultura Popular, hoje chamadoCentro Nacional de Folclore e Cultura Popular, vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tendo como missão declarada "formular, fomentar e executar programas e projetos em nível nacional voltados para a pesquisa, documentação, difusão e apoio a expressões das culturas populares brasileiras".[4][13]
Desde essa retomada nos anos 60-70 se acelerou e aprofundou a modernização da sociedade, a televisão entrou decisivamente no cotidiano, e ao contrário do que temia a Campanha em seus primórdios, o folclore não acabou, mas adaptou-se e transformou-se, assim como continuaram em mudança seus conceitos e práticas. Cavalcanti sumarizou o processo:
"A cultura não é mais entendida como um conjunto de comportamentos concretos mas sim como significados permanentemente atribuídos... Uma festa é mais do que a sua data, suas danças, seus trajes e suas comidas típicas. Elas são o veículo de uma visão de mundo, de um conjunto particular e dinâmico de relações humanas e sociais. Não há também fronteiras rígidas entre a cultura popular e a cultura erudita: elas comunicam-se permanentemente... Na condição de fato cultural, o folclore passa a ser compreendido dentro do contexto de relações em que se situa".[2]
Em 1995, numa revisão da Carta do Folclore Brasileiro realizada no VIII Congresso Brasileiro de Folclore, reunido em Salvador, os folcloristas brasileiros definiram folclore como"o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade".[11]

Dança ritual xavante

Oferendas no culto a Iemanjá

Festa do Boi-bumbá de Parintins
Aceitação coletiva significa que deve ser uma prática generalizada, implicando uma identificação coletiva com o fato, mesmo que ele derive das elites. Tradicionalidade é entendida como uma continuidade através das gerações, onde os fatos novos se inserem sem ruptura com o passado, e se constroem sobre esse passado. Dinamicidade se refere à sua feição mutável, ainda que baseada na tradição. Funcionalidade, por existir uma razão para o fato acontecer, não constituindo um dado isolado, e sim inserido em um contexto dinâmico e vivo. Pode-se acrescentar a esses o critério da espontaneidade, já que o fato folclórico não nasce de decretos governamentais nem dentro de laboratórios científicos; é antes uma criação surgida organicamente dentro do contexto maior da cultura de uma certa comunidade. Mesmo assim, em muitos locais já estão sendo feitos esforços por parte de grupos e instituições oficiais no sentido de se ressuscitar nos dias de hoje fatos folclóricos já desaparecidos, o que deve ser encarado com algum ceticismo, dado o perigo de falsificação do fato folclórico. Também deve ser regional, ou seja, localizado, típico de uma dada comunidade ou cultura, ainda que similares possam ser encontrados em países distantes, quando serão analisados como derivação ou variante.[11]
Apesar da existência destes critérios, muitas vezes é difícil determinar se um fato é ou não folclórico, até porque os pesquisadores não raro divergem sobre os conceitos e suas aplicações. Nesse contexto, disse Cavalcanti que antes do que tentarmos saber se um dado fato é ou não folclórico, é mais produtivo entender o folclore como um campo de estudos ainda em expansão, significando que o elemento folclórico não está tanto no fato concreto, mas em seu entendimento como folclórico, e por isso a definição do que é folclore varia com o tempo.[2]
A despeito das polêmicas entre os estudiosos, o resultado dessa evolução continuada é que atualmente o folclore brasileiro se elevou a uma posição de destaque. Além de ser a base alimentadora de boa parte do turismo cultural do país, dinamizando comércio, indústria e serviços, se tornou instrumento de educação nas escolas, tem museus para ele e está protegido por lei, sendo considerado um bem do patrimônio histórico e cultural do país. A Constituição do Brasil protege o folclore através dos artigos 215 e 216, que tratam da proteção do patrimônio cultural brasileiro, ou seja, "os bens materiais e imateriais, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira".[14][15][16]
Por outro lado, como se observa em outras partes do mundo, o folclore brasileiro está experimentando modificações importantes em virtude do apelo turístico, e da influência dos novos meios de comunicação de massa e das novas tecnologias de registro e difusão de informações, ocasionando a descaracterização de muitos fatos folclóricos e sua transformação em espetáculos de massa, o que está gerando preocupação.[11] Benjamin esclarece:
"Um outro processo a merecer atenção é o da espetacularização das manifestações folclóricas pela pressão dos meios de comunicação de massa e do turismo. Algumas das manifestações tradicionais guardam a natureza de espetáculos, que têm sido levados à exacerbação, convertendo-se em produto da cultura de massas. O exemplo mais evidente é o do boi-bumbá de Parintins. Preocupante, porém, é o caso de manifestações de natureza ritual, reservadas aos membros de comunidades religiosas, que por seu exotismo estão sendo cooptadas para converter-se em eventos de massa. É o caso das panelas-de-Iemanjá, convertidas em festivais para turistas. Diante desse quadro, torna-se necessária uma nova postura liberada dos preconceitos etnocêntricos, a reciclagem das técnicas de pesquisa em trabalho interdisciplinar com a incorporação das contribuições renovadas das ciências humanas e das ciências da linguagem, o uso de novas tecnologias e equipamentos disponíveis".[11]

Nenhum comentário:

Postar um comentário